O rebanho do vale
As cabras andavam soltas
A saltar para todo o lado
Comiam aqui e ali
Saltavam ali e além
E com certo desdém
Riam com muito gosto
O pasto era só delas
Não havia mais pasto para ninguém
E quando recolhiam
Era já sol-posto
Vinham muito distraídas
Para tomar o seu posto
Tudo era algazarra
De muita bizarria
Saltavam o dia inteiro
Gastavam todo o celeiro
E quem não comia no pasto
Vivia condenado
Vão-se as cabras malditas
E lá noutras comanditas
Dão-lhes pastos bem gostosos
E postos muito apetitosos
E todo o resto que ficou
Aos asnos o deixaram
Para poderem produzir
Com labuta persistente
Até que venha outra rebanhada
Sem apetite para fazer nada
Cidália Rodrigues
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