sábado, 30 de abril de 2016

Estou cansada



Estou cansada de touradas
Tenho a garganta inflamada
E não poder gritar

Estou cansada de touradas
E de gentes afamadas
Que trazem o povo aflito

Estou cansada de touradas
De ver ventres bem nutridos
E gentes de mãos vazias

Estou cansada de touradas
E de ver gente que trabalha

Sem serem agradecidos
Pelo menos com um prato bem nutrido
Estou cansada de hipocrisias, egoísmos
E de mentes vazias


Cidália Rodrigues

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Pedrógão



Lá longe o mar

Há chilreios agudos das gaivotas

O mar espraia-se

As gaivotas batem as asas sobre as águas

Buscam alimento

Mergulham a cabeça

Voam, voam

As ondas espraiam-se

Soltas

Envoltas na areia

Lá longe o mar

Manso, rude, atrevido

É o mar

As ondas longas amansam-se na areia

Alheias aos gritos das gaivotas

Voam as gaivotas sobre as águas

Em busca de alimento

Mergulham a cabeça

Voam, voam

As ondas,

 Soltas

Envoltas na areia

É o mar

Que as solta

Na praia,

Ali ao lado, no Pedrógão

É ele o mar do Atlântico




Cidália Rodrigues

Pego na caneta



Pego na caneta e no papel
Anoto o que o dia me deu
Nesta folha de cristal
Doçura, perfume, beleza
Em modelo celestial
Tudo isto é candura
Dos dias de ternura
Da imensidão estival
Que os meus olhos puros
Vislumbram
Quando chega o festival
Das flores e do canto dos pássaros
Tudo isto avisto
Sobre os telhados já velhos
E também no meu quintal


Cidália Rodrigues

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Lágrima



Lágrima

Lágrima que desliza,
É a gota de orvalho
Que purifica a tristeza
No princípio da alegria,

O que é a alegria,
Se não mais a tristeza disfarçada
De vulto adormecido
Numa lágrima salgada


Cidália Rodrigues

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Abril nasceu



Abril nasceu


Com palavras de flores


E amor


Todo o temor


Esqueceu


Por um dia de Abril


Que cresceu


Todos os campos floriram


E até as crianças sorriram


Abril passou


Tudo o que ficou



Na ideia do povo 


Mudou



Cidália Rodrigues