quarta-feira, 30 de março de 2016

No silêncio da noite



No silêncio da noite

Ao cair da noite, há um sabor amargo
De mais de um dia que finda!
Ouve-se o bate-bate do relógio
No silêncio persistente
Cai a hora, o minuto, o segundo.
Pensamos…
O que foi o ontem; o agora,
O que ficou por fazer!
A espera pelo amanhã distante
De poder construir
O que o agora não pôde ser feito!
Esperamos o silêncio que cai
Para nos elevar o espírito,
A vontade, a essência…
Reconhecer o eu, o tu e tudo;
O que ficou para trás é silêncio,
O agora é o estrondo, que nos faz saltar
Para o amanhã, ou para logo…
E desmontar o puzzle que foi
Semi construído e partir de novo
Na ideia de poder refazer
O que o instinto não permitiu fortalecer!


Cidália Rodrigues

Império dos sonhos




Venho do império dos sonhos
Com um sonho de criança
Crescer num mundo
Onde o sonho será mudança

Mudou-se o vento e a bonança
Em voos longos de temperança

Ao mundo voltou a grande deselegância
Por mãos vazias de esperança

Todo o império dormia
Como se passasse uma noite de acalmia

Quando o povo acordou
Já o dia nascia
Toda a ânsia fugia

Porque o sonho de criança
Levou o vento e a bonança
Porque o sonho só foi sonho
Crescer num mundo sem esperança


Cidália Rodrigues

domingo, 27 de março de 2016

Página vadia



Página vadia


Foste a página solta

Que voou ao sabor do vento!

Foste silêncio profundo, 

Reflexão, 

Imagem idealizada,

Sentimento profundamente sentido

Foste a pedra esculpida

Foste o Eu desconhecido

Algo mais que as partes de um todo

O meu poema



(Cidália Rodrigues)

sexta-feira, 25 de março de 2016

Pensamento sobre a poesia



Pensamento sobre a poesia






Esta voz funda que cala meu silêncio conduz-me a um lugar puro e belo.






Cidália Rodrigues

segunda-feira, 21 de março de 2016

O desafio da lua



O desafio da Lua 


Um destes dias era manhã de Janeiro, a Lua parecia apaixonada pelo Sol. Ao longe o Sol ainda mal se observava, parecia querer dormir, embora os raios de luz do romper do dia já se vislumbrassem. A Lua, essa, parecia parada, embora caminhando para o mar ainda nocturno, teimava provocar o Sol, como se dissesse acorda meu preguiçoso e vem-me acompanhar para olharmos o mar imenso que ainda vive na escuridão.

Enquanto isso, o Sol ia-se erguendo por detrás da montanha entreabrindo os olhos, lançando faíscas rubras e luminosas entre as nuvens, para ir ao encontro da Lua.

A Lua arrebatava o coração do Sol, mesmo quando anoitecia. O Sol escondia-se como se estivesse enamorado com a Lua. Rubro e ardente desaparecia como se tivesse marcado encontro escondido com a Lua, como dois adultos que se lampejam em beijos escaldantes, rubros, enroscando-se, esquecendo-se do antes e do depois.

Corria freneticamente da serra para o mar ao encontro da sua namorada. Ruborizado, embora tímido lá andava ele angustiado porque a Lua ora era cheia, ora nova, ora crescente, ora em minguante, enganava-o a todo o momento. Desafiava-o. O Sol nesses momentos embrutecia, lançava-lhe chamas de amor, para que ela se quedasse junto a ele para que os dois pudessem passear pelo Mundo.




 Cidália Rodrigues