domingo, 31 de julho de 2016

Nascem flores



À beira do caminho
Nascem flores pequeninas
São rosa, brancas, salmão e azuis
Nascem flores pequeninas
À beira do caminho
São flores únicas, invulgares
Que nascem sempre aos pares
Nascem flores pequeninas
À beira do caminho
São rosa, brancas, salmão e azuis
À beira do caminho
Passam pais, avós e meninos 


Cidália Rodrigues

Palavras



Palavras que voam
Olhos que se alongam

Voz rouca
Ar de louca



Cidália Rodrigues

Outras emoções



O Verão está a meio
O trigo, a cevada e a veia
Já se encontra no celeiro.
Virá Agosto com as uvas a amadurecer.
Setembro chegará
O lagar encherá.
Nesta sucessão das estações
Brevemente será Outono
Que trará outros frutos e outras emoções




Cidália Rodrigues

sábado, 30 de julho de 2016

A máquina da generosidade



Passei por esta Terra a que chamam Mundo
Sem inventar nada que fosse relevante.
Quando cá cheguei já estava tudo ou quase tudo inventado.
Havia apenas a Liberdade que se encontrava fechada
Mas alguém abriu a porta.
Depois de mim vieram muitos mais
Já estava tudo formado:
Universidades para o povo,
Máquinas voadoras,
Computadores que levavam informação
A qualquer parte do mundo.
Já não havia muito por descobrir ou inventar
A máquina facilitadora,
Fábrica de infelicidade
Inventada para a necessidade de não fazer nada.
Mas ainda não se inventou a máquina da generosidade.



Cidália Rodrigues

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Mulher do campo



Mulher do campo

Lenço preto na cabeça
Sobre o branco cabelo
Que beleza que encanto
Seu rosto escuro rugoso
Brilhava a face rosada
Tudo nela espelhava
A sua longevidade
Sobre a saia rodada
Exibia o avental
Onde levava a algibeira bordada
Onde guardava a semanada
A blusa branca usava
Esta mulher tradicional
Tratava da terra com carinho
Como quem trata de um menino
No seu rosto envelhecido
Ainda havia fulgor
Falava para o filho
Com grande furor


Cidália Rodrigues