terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Árvore perfumada



Olhei a árvore perfumada
Ali ao lado a estátua de Acácio da Paiva
Como fiquei animada
Ao sentir o perfume que exalava

Senti a poesia nascer
Coloquei-me a escrever
P'ra não ter que esquecer
Este tempo de enriquecer

Cidália Rodrigues

domingo, 29 de janeiro de 2017

Verdadeira viajante



Sou uma verdadeira viajante
Estou sempre em viagem
Dificilmente me encontro parada
Como se fosse uma paragem
Ando sempre em viagem
Mesmo sentada
Olho a janela
E o que vejo por ela
Conheço montes e vales
Aldeias e cidades
Conheço carros, autocarros
Bicicletas, aviões, barcos, navios,
Sapatos e sandálias
Ando com os meus pés
Às vezes doridos
E calejados
Lá vou viajando
Conheço o mundo todo
Que é bem tristonho
Vejo os monumentos
E fico atenta ao que neles vejo
Vejo as arquitecturas, as cores, as pinturas
As sacadas e as molduras
Sou viajante
Ser andante
Vou ao alpendre
E aí compreendo
O percurso itinerante
Que faz o viajante
E como é feliz
É como o petiz
Que toca o nariz
E que se ri
De si e do que já viu
E inocente diz
Assim sou feliz


Cidália Rodrigues

Sou uma rocha



Sou uma rocha
Por onde água geme
Mesmo quando a rocha treme
A água abunda em torrente
E de repente
Tudo é puro e cristalino
É água viva
Em rocha humedecida
Que brilha
Onde os cristais de diamante
Reflectem a luz que me enobrece



Cidália Rodrigues




Senhora da Guia



Sumptuoso templo
Que permanece ao tempo
Casa da Grande Rainha
Nossa Senhora da Guia

construída por gente pobre
mas de uma riqueza nobre

Acolheu muitos e muitos peregrinos
Que se sentiam doentes e abandonados
 
Hoje o templo quase abandonado
E em tempos tão amado

Cercado por casas velhas

Centenárias

de fachadas recuperadas 

e outras mal tratadas

Onde foram vistas às janelas
Senhoras e professoras
Por ali andaram aias, rainhas,
Madrinhas, marinheiros e pastores,
Lugar onde nasceram doutores
Hoje grandes senhores
Tudo foi encanto e beleza
Hoje reina a tristeza
Já não há gente que se preze
E que ali reze


Cidália Rodrigues

sábado, 28 de janeiro de 2017

Imaginação



Ter imaginação
É ter um livro sempre à mão
Que nos leva a conhecer novos mundos
Que nos levam a percorrer trilhos desconhecidos
E saber que há gente com sentimentos profundos
Quando acabamos de ler ficamos mais enriquecidos
Abrem-nos portas e janelas
Que se encontravam fechadas
Ter um livro como amigo
É não estar sozinho
É ter alguém que nos elucida
Quando alma está enfraquecida
Leva-nos a pensar
E naturalmente a gratificar
O autor que pensou em nós
Que não queria ver-nos sós
Se o autor pensou em nós, porque pensou
Foi porque vivia só
Quando ouvia o silêncio 
E dele nascia a iluminação
para a dor que padecia de uma dor que lhe doía
E para esquecer a dor
Escreveu com muito amor
Todas as letras que sabia
Para que um dia
O livro se abriria
Em qualquer livraria
E alguém o compraria


Cidália Rodrigues