O desafio da Lua
Um destes dias era manhã de Janeiro, a Lua parecia
apaixonada pelo Sol. Ao longe o Sol ainda mal se observava, parecia querer
dormir, embora os raios de luz do romper do dia já se vislumbrassem. A Lua,
essa, parecia parada, embora caminhando para o mar ainda nocturno, teimava
provocar o Sol, como se dissesse acorda
meu preguiçoso e vem-me acompanhar para olharmos o mar imenso que ainda vive na
escuridão.
Enquanto isso, o Sol ia-se erguendo por detrás da
montanha entreabrindo os olhos, lançando faíscas rubras e luminosas entre as
nuvens, para ir ao encontro da Lua.
A Lua arrebatava o coração do Sol, mesmo quando
anoitecia. O Sol escondia-se como se estivesse enamorado com a Lua. Rubro e
ardente desaparecia como se tivesse marcado encontro escondido com a Lua, como
dois adultos que se lampejam em beijos escaldantes, rubros, enroscando-se,
esquecendo-se do antes e do depois.
Corria freneticamente da serra para o mar ao encontro da
sua namorada. Ruborizado, embora tímido lá andava ele angustiado porque a Lua
ora era cheia, ora nova, ora crescente, ora em minguante, enganava-o a todo o
momento. Desafiava-o. O Sol nesses momentos embrutecia, lançava-lhe chamas de
amor, para que ela se quedasse junto a ele para que os dois pudessem passear pelo
Mundo.
Cidália Rodrigues
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