A
criação
Julguei
um dia ser artesã
Das
artes do traço
O
desembaraço
Das
linhas
Nas
palavras de tinta
Nas
horas claras
Dos
meus dias
Surgiram,
Sem
pensar
Que
viria a declamar
A
bravura do alto mar
Sufoquei
em lágrimas de pranto
Meu
manto
Que
me tapava.
Surgiu
a hora
Numa
tarde quando olhava
Pasmada
Dei
comigo debruçada
Sobre
as teclas
Da
máquina
Os
meus dedos dedilhavam
As
letras combinadas
Silabadas
Jorravam
Sorri,
de mim para mim
Disse:
é a artesã.
Que
saía do meu peito
Com
jeito calmo, silencioso,
Bradava
Soletrava
A
palavra.
Sentia-a.
Desde
então,
Afinei-a,
Em
desafio
Apareceu
.
A
criação
Cidália Rodrigues
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