Fui caminhar, sentir o
sol, respirar o ar puro do pinhal. Recordar o corre, corre da manhã e o
burburinho das gentes que trabalharam por este lugar.
Percorri este trajecto
numa rua paralela à Avenida Comandante Rául Tomé Feteira com 1500 metros de
comprimento, veio-me a nostalgia dos dias de criança, em que na minha tenra
idade pegava na lancheira para levar o almoço à minha irmã mais velha que
trabalhava na empalhação, como eram longos aqueles metros de rua, de pedra e
terra batida, hoje revestida com alcatrão.
Nesta descrição falo
concretamente da povoação, hoje vila, da Guia que fica a oeste de Pombal, a
localidade mais desenvolvida do concelho, em tempos de que há memória existiu
um complexo industrial, cuja matéria-prima era a areia e madeira.
O complexo industrial constituído
por serrações de madeira, uma destilaria, uma fábrica de vidro, uma empalhação,
davam de comer a muitas famílias, umas da localidade outras vindas de outras
regiões do País.
A fábrica de vidro no
período da II Guerra Mundial fabricava garrafas para o vinho do Porto, a fim de
ser exportado para a Europa. A mesma fábrica deu origem à Covina, fábrica de
vidro, instalada em Santa Iria da Azoia perto de Lisboa.
A destilaria fabricava
cola e pez feitos da resina dos pinheiros.
A empalhação revestia
garrafões de vidro com vime vindo da Madeira.
Do que ficou, observo
os altos-fornos, da fábrica da cola e da fábrica de vidro e do resto ficou
registado na memória dos que ali viveram e trabalharam. Anos dourados, vividos
em comunhão na alegria de haver trabalho e de algum pão para comerem ao serão.
Neste passeio matinal,
olhei a linha de caminho de ferro do Oeste, que liga as Caldas da Rainha a
Coimbra, construído nos finais do Século XIX, (hoje com pouca vida) muito
utilizado (por passageiros e mercadorias) até aos finais dos anos setenta do
Século passado.
Estas são uma parte das
imagens que ainda restam dum passado com muita história, de dor, de amor.
Cidália Rodrigues
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